segunda-feira, 16 de março de 2009

Construtoras

Lucro das construtoras dispara

Patrícia Cançado
O Estado de S.Paulo
O caso da Cyrela, maior companhia imobiliária do País, é emblemático. Ontem, ela divulgou um lucro 187% superior ao do terceiro trimestre de 2006. No acumulado de janeiro a setembro, os ganhos dobraram em relação a 2006 e atingiram R$ 330,7 milhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), indicador que mede a capacidade de geração de caixa de uma companhia, cresceu nada menos que 318%.
Nesse setor, o lucro não é a melhor forma de medir o desempenho das empresas. Ao contrário dos bancos ou de uma indústria tradicional, o ciclo do negócio é mais longo. Os ganhos que elas têm hoje também são resultados de lançamentos feitos há dois ou até três anos. Mas o crescimento do lucro não deixa dúvida: o ritmo dos negócios mudou radicalmente.
As empresas estão lançando mais produtos, vendendo mais rápido e com menos custo. “O mercado ganhou uma escala diferente. E o principal facilitador dessa situação é o aumento do financiamento”, diz o gerente de relações com o investidor da Gafisa, Bruno Teixeira. “Muitas empresas que antes faziam lançamentos de R$ 80 milhões, agora, com abertura de capital, chegam a R$ 1 bi.” Cálculos da Cyrela prevêem que os lançamentos podem chegar a R$ 50 bi, 40% a mais que em 2007. Só as empresas listadas na Bolsa podem despejar projetos de mais de R$ 30 bi no próximo ano.
Segundo levantamento feito pelo núcleo de Real Estate da Poli/USP, a capacidade de investimento das empresas ficou oito vezes maior nos últimos dois anos. “Com todo esse dinheiro entrando, é natural que os lucros venham bons. Eles só seriam ruins se o foco das empresas estivesse errado. E parece que esse não é o caso”, afirma o professor da Poli/USP, João da Rocha Lima Jr.
Ainda é cedo para dizer se as empresas continuarão com resultados muito acima da média dos outros setores. A tendência desse negócio é ganhar ainda mais escala. Os financiamentos imobiliários representavam apenas 2% do PIB em 2006. As empresas trabalham com cenário otimista: porcentuais entre 10% e 15% em cinco anos.
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